COXINHAS DE TAUBATÉ

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COXINHAS DE TAUBATÉ 


Sexta feira, fevereiro de 2018!

Final de tarde, hora do rush e eu preso ao trânsito em uma comunidade da região do Grande ABCD.

Vans escolares, carros e ônibus bloqueiam totalmente as estreitíssimas ruas da comunidade.

Já faz 15 minutos que meu passageiro me aguarda.

O tempo passou e 1 hora e meia depois, o passageiro ainda estava me esperando. Com vista privilegiadíssima, o morador do topo “da montanha” disse com tranquilidade estar acostumado com a demora no atendimento.

Anoitecia. Faminto e cansado, imaginava que ao deixá-lo, eu partiria para o meu merecido descanso. Afinal, o café da manhã tinha sido a única refeição daquele dia, coisa que não costumo fazer.

De repente, uma nova chamada começou a piscar na tela do celular, e com a mensagem que, quase todo motorista adora ver:

“Viagem longa – mais de 45 minutos”. Naquele tempo, ainda não se mostrava o destino.

Toca o meu celular!

Era a passageira que solicitou a chamada:

- Moço tem disponibilidade para me levar para Taubaté? (interior de São Paulo), uns 180 km de onde eu me encontrava.

Louco por estrada, aceitei!

Liguei para casa para saber se precisariam de mim para as próximas horas.

Liberado, lá fui eu buscar a passageira.

Chegando ao local, verifiquei que a moça não iria sozinha. Estava acompanhada de sua mãe, sua avó e um número quase incontável de bagagens para carregar!

Carreguei o porta-malas que agora não tinha espaço nem para uma agulha.

A fome se fazia aumentar.

Eis que de repente,  surge de uma sacola um grande pote plástico exalando um “perfume” de coxinhas inebriante.

Mãe e avó no banco de traz, a moça, ao meu lado.

- O senhor está servido a comer umas coxinhas? – perguntou a mãe.

Meeeeu Deeeeus!

Servido? Eu?...pensei – Se bobear, como até o plástico!

- Obrigado! Estou satisfeito! – respondi feito Pinóquio do sec. XXI

Afinal, tinha que manter meu profissionalismo!

Conversa deliciosa, tendo como pano de fundo, uma noite enluarada iluminando a estrada.

Disseram que o destino era a casa da sua tia, que faz salgados para festas.

Taubaté nos recebe com uma tempestade! Não enxergo um palmo à frente e os motoristas que conhecem a cidade me ultrapassam em alta velocidade. Tensão!

Enfim, chegamos!

Até tentei me despedir, sem muito empenho é verdade, mas fui impedido de voltar sem antes provar as coxinhas da Tia Eliane. Um argumento verdadeiramente forte me convenceu: a chuva, por isso seria prudente aguardar um pouco mais.

Me fizeram sentir parte da família.

Fiquei lá “somente” 2 horas e meia.

A tia chegou a pensar que eu fosse amigo delas, de longa data.

O relógio avançava uma da manhã e eu perdia a conta de quanto já tinha comido.

Com algumas arrobas a mais e uma xícara gigante de café que a tia preparou para que eu não dormisse na estrada, voltei pra estada.

O café me deu folego para trabalhar por mais 3 horas madrugada adentro.

Que delícia conhece-los!

Uma viagem inusitada e deliciosa, aquelas situações que nos marcam pro resto da vida!


Até a próxima viagem!


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