O INESQUECÍVEL 26 DE ABRIL DE 83

Avaliação 5 (1 Votos)

O INESQUECÍVEL 26 DE ABRIL DE 83

 

Se o dia 09 já havia sido fantástico, o dia 26 me reservaria momentos especialíssimos.

No entanto, não é possível falar daquela terça feira, sem voltar ao domingo.  

 

Eu fazia parte da equipe de natação da Stagium Center. Estávamos em Campinas para disputar a travessia do lago Taquaral.

 

Eram mais ou menos 200 competidores, apenas na categoria: masculino.

Ser nadador, era vontade dos meus pais, não minha. Mas o grupo era muito legal!  

Para piorar minha situação, um primo e meus dois irmãos eram exímios nadadores.

 

Largada!

Caímos na água!  Algum tempo depois cruzei a linha de chegada!

Comemoração na equipe!

Melhorei minha posição em relação ao ano anterior: Cheguei em penúltimo lugar!

Naquele dia o corpo tomou a decisão que a alma vinha pedindo há tempos.

Pendurei a touca!

 

Voltamos de Campinas e na madrugada de segunda feira, meu pai passou muito mal. O saudoso “seu” Walter o socorreu para o hospital.

Uma apendicite que, por muito pouco, não tirou sua vida.

Minha mãe foi junto, e com ele lá ficou.

Só soube do alvoroço, pouco antes de ir pro colégio.

A comunicação não era instantânea. Eu dependia dos contatos que minha mãe fazia para ter notícias.

 

Terça, 26/04/83, dia do jogo!

Parecia que meu pai estava melhorando. Não ir para o jogo, era uma hipótese impensável.

 

Teria sido suficiente a quantidade de dias que treinamos para este jogo? Só à noite teríamos a resposta.

A escola conseguiu um ônibus para nos levar ao ginásio Mauro Pinheiro, no Ibirapuera.

 

Preocupados com meu estado emocional, meu tio Edemar e o Sr. Walter, me levaram. Irmãos, primos e amigo, todos indo me apoiar! Ou, sem coisa melhor para fazer mesmo.

 

No ônibus, alguns outros jogadores e parte da torcida, alunos do noturno que aproveitaram a oportunidade de matar aula!

Minha tia Cecília ficou incumbida de gravar o jogo em fita K7, já que a rádio transmitiria.

 

Não tínhamos informações sobre adversários mas quem joga bola consegue identificar alguns sinais.

O aquecimento, o toque na bola, o porte físico... Os garotos do Colégio São Judas, certamente chamavam a bola de “minha princesa”.

A bola, “nos chamava de meus sapos”!

 

Começa a partida!

Ao lançar a bola com as mãos para um companheiro, errei a jogada e mandei a bola no pé do adversário que “me fuzilou”.

Vínhamos bem na partida, mas, um erro bobo contra um time muito superior, pode ser fatal. E foi!

 

O primeiro tempo acabou com 7 a 0 para o colégio da Moóca.

Um “valeu Marcos” daqui, ou “boa Marcão, dali”, “um tapinha nas costas” e eu só pensava “valeu porr...caria nenhuma”... Tomei 7!

 

No segundo tempo eles fizeram mais 1 e nós, o gol de honra!

Eliminados!

 

A tristeza da chegada em casa no final da noite, contrastava com a chegada naquele sábado, dia 09.

 

Para “ajudar”, meus pais, estavam no hospital!

Já fora de perigo, ouviram o jogo, orgulhosos, num radinho de pilha!

 

Na manhã seguinte.

Subia o escadão que dava acesso à rua do colégio em passos lentos. Cabisbaixo, com vergonha, fui me aproximando do portão.

Aplausos, sorrisos, parabéns....

O que está acontecendo? É pra mim? – pensei.

 

Uma garota me disse:

- Você foi muito elogiado no rádio!

- Que legal! “Brigado”... - Será que essa menina sabe com quem estava falando? Tomei 8 gols...

 

Ao chegar na sala de aula, mais aplausos. A amiga Célia, pegou um gravador portátil e reproduziu alguns lances. Ela também havia gravado algumas partes do jogo.

 

Tomei um susto...dos bons!

A tensão do jogo, fez com que eu não me recordasse das defesas que eu tinha feito, só lembrava dos 8 tomados!

 

Na voz do icônico comentarista, Cláudio Carsughi eu ouvi: “Estrela do time”! Do narrador José Carlos Guedes “Esse goleiro é muito bom! Não fosse ele, o placar estaria maior...”!

E outros elogios que fizeram minha autoestima ir de 0 a 100 em poucos segundos!

Naquele momento, eu parecia ser  o primeiro São Marcos da história do futebol!

 

Fui correndo pra casa da tia Cecília, pegar a fita do jogo!

O troféu que não ganhei em quadra, estava na casa dela.

 

Há 40 anos é assim!

Todo mês de abril, essas recordações me vêm à mente. Alternando maior ou menor intensidade.

Este ano era preciso “imortalizá-las”!

 

Para um menino de 16 que, segundo a mãe, nasceu grudado com a bola, os dias 09 e 26 de abril de 1983, representaram percorrer o arco-íris, sem atingir o pote com ouro ao seu final.

Assim é a vida!

Às vezes, conseguimos, outras...ficam para a próxima!             

 

Obrigado Cláudio Carsughi, José Carlos Guedes e aquela Rádio Jovem Pan de outrora, que proporcionaram momentos tão maravilhosos na vida de quem ama jogar futebol.

.

.

#marcosmouco #cronicas #futsal #radiojovempan #esporteévida #pratiqueesportes #diadema #rádiojovempan #dicico #eeprofasylviaramosesquivel #colegiomonteirolobato #ibirapuera #diadogoleiro #claudiocarsughi #jcguedesf #josecarlosguedesfilho

Anterior

FALE COM UM COPYWRITER!

Você não precisa ser um estudioso da língua portug...
Próximo

AMOR E SEXO

Ninguém cantou melhor, o amor e o sexo, do que Rit...